A quarentena me obrigou a escrever esse texto.
Foi preciso esse test drive de apocalipse para a humanidade abraçar de vez essa grande invenção: a videoconferência, ou como os avós costumam chamar, aquilo que aparece a cara da pessoa no celular.
Durante as últimas semanas, entrei em contato com mais plataformas de videoconferência do que na minha vida inteira. Seguem minhas nada úteis notas a respeito de cada uma.
Whatsappão da massa
É bom porque todo mundo já tem o app, não precisa se inscrever nem baixar nada.
Não sabia que dava pra conversar com mais de uma pessoa até ser colocada de surpresa numa ligação. Acontece que rola no máximo 4 pessoas*, então não é recomendado usar pra bater papo com a torcida do flamengo. O rostinho fica pequeno por causa da tela do celular, mas considerando que tá todo mundo em casa sem pentear o cabelo talvez isso seja uma coisa boa.
*atualizaram faz pouco para até 50 pessoas, ou seja dá pra falar com o grupão inteiro.
O bom e velho Skype
Que eu me lembre foi a primeira grande ferramenta de vídeo, mas provavelmente na época a internet de quase todo mundo funcionava à carvão então eram reuniões produtivas entre vários amontoados de pixels. Usei uma vez nessa quarentena e o sufoco de encontrar seu nome de usuário e senha, vinculados a uma conta de e-mail criada em 2002 e hoje reservada para receber spam e mala-direta não valeu o esforço. Uma das 3 pessoas caiu no meio do call e não conseguiu mais voltar. Ângela, se estiver lendo isso, a entrega é pro dia 4.
Webex
Mandaram o link da reunião, pedia pra eu logar, eu não tinha um login, dai fiz o login, daí ele disse que a senha que eu tinha acabado de criar estava errada, daí pedi pra recuperar a senha, o e-mail pra isso não chegou, falaram que não precisava de senha pelo app, baixei no computador, instalei, me pediu a senha que eu criei mas ele disse que tava errada, me disseram que funcionava melhor no chrome, só que eu já estava no chrome, me disseram que não precisava logar, então comecei do zero, mas no chrome do celular, me pediu o login, pedi de novo pra recuperar a senha que tinha acabado de criar, mas já tentou pelo aplicativo no celular?, baixo no celular, clico no link, cadê o login, chegou o e-mail, agora vai, pronto, atrasei só 40 minutos. Mas olha, fora isso é ótimo.
Teams
Ouvi dizer que o Teams é o filho quadrado do Skype, a diferença é que ele é workaholic, e secretamente odeia os pedaços de carne falantes que o acessam. É a única explicação possível para um treco tão cheio de recursos (compartilhamento de tela, local para subir arquivos, criação de equipes fixas) não fazer algo tão simples quanto mostrar a cara das pessoas. Só dá pra ver 1 pessoa de cada vez (no navegador) ou 4 (no app para desktop) e o resto vira um par de iniciais. As vezes, nem a pessoa que está falando dá pra ver. O som falha, a imagem paralisa e posso jurar que em alguns momentos a frase MORRAM, HUMANOS, MORRAM pisca rapidamente na tela. Se você curte ter longas discussões com vários pares de letras maiúsculas, esse é o programa para você.
Zoom
Dentre todos que experimentei, o Zoom conquistou o posto de queridinho logo nos primeiros dias. Imagem decente, visualização em mosaico que dá pra ver a fuça de todo mundo. Também dá pra mandar direto o link da reunião. Daí eles fazem o quê? Deixam vazar os dados dos usuários pelo ralo sujíssimo da internet. Mas o que é ter seu e-mail invadido e dados clonados perto de visualização em mosaico? Não, deixa pra lá. Supera, Nathalie. Supera.
Hangouts
Existe. E tem ainda o Google Meets. E também existe um treco chamado Google Duo. Que também é de videochamada e que aparece no menu do google primeiro. Não sei quem é quem, nem qual a diferença. Me recuso a googlar.
É ok, o diferencial aqui é poder ficar colocando filtrinhos durante a chamada. Pra falar com amigos ou família, fofinho. No caso do trabalho, um convite para acidentes como anunciar o passaralho da quarentena com orelha de cachorrinho. Além do mais, dá a maior bandeira que vc está usando Facebook no horário de trabalho.
Jitsi
Só ouvi falar por causa da Camila Cruz, escritora e TI oficial do coletivo Discordia. A questão era achar um programa que permitisse fazer a live do nosso clube do livro, conectando ao Youtube. O que funcionou foi esse programinha que as pessoas devem estar escondendo com medo do efeito bote do Titanic: todos migrando para ele desesperados a ponto de fazer o bicho afundar. O Jitsi faz coisas revolucionárias como deixar você ver a cara das pessoas com quem está falando, transformar a reunião em live no Youtube, e mostrar dados como quanto tempo cada participante falou na reunião. Perfeito para descobrir quem deixou a reunião no mudo e está na verdade perdendo no campo minado pelos últimos 40 minutos.
E você, qual sua ferramenta de videoconferência favorita?
